A previsão do tempo marcava frio e chuva para domingo, em Presidente Prudente. Pela manhã, a parte fria até que se cumpriu, mas quanto ao tempo fechado, bastava olhar para o céu para ver a imensidão do azul sem ao menos uma nuvem sequer. Especificamente no Centro Olímpico, ao olhar paro o céu também era possível ver outras cores, formatos e desenhos, que pintavam a tela azul natural. Efeitos causados pelas pipas que voavam pelo espaço, personagens principais da 33ª edição do Festival de Pipas “Raul Albieri”. Aliás, qualquer um que passasse pelo entorno poderia ver o cenário ocorrendo no ponto mais alto do Parque do Povo, porém, cerca de 4 mil pessoas escolheram conferir de perto, conforme estimado pela própria organização e a Polícia Militar. A iniciativa é de O Imparcial, acompanhada de parceiros e apoiadores.
A partir das 8h, pouco a pouco tal público foi chegando ao local. E soltar pipa pode até ser uma brincadeira de criança que remete muito à infância, mas os pequenos ilustraram sim o Centro Olímpico, contudo, na mesma proporção que jovens, adultos e idosos também participaram. Até os pets entraram em cena, alguns até uniformizados com a camiseta do evento.
E em meio a esse público local estava a cabelereira Viviane Matricardi, com o pequeno Lorenzo, seu filho de 4 anos. Antes de mais nada, ela deixou claro que participar do festival é algo que já virou rotina, pois todos os anos estão lá. E, apesar de ser novo, o garoto já afirmou a satisfação de estar ali presente. Aliás, a própria mãe garante que fora dali, soltar pipa é uma atividade comum para ele. “Nós moramos em um local no qual é possível se divertir desta forma. Então, sempre que possível estamos juntos”, diz.
No entanto, esse sempre que possível nem sempre é possível por conta da rotina diária, assim como qualquer pessoa. “Mas a gente acordou cedo e se dispôs a vir até aqui. Esse é um momento nosso e que também é utilizado para nos aproximarmos mais. Além do fato dele e a gente ficar encantado com as pipas e os trabalhos do pessoal”, completa Viviane. Ela não deixa de citar que hoje em dia tudo é celular, tecnologia, então ações como essas são “sempre bem vindas”.
E por falar nisso, a tecnologia realmente ficou em segundo plano no local, de modo que de longe e uma vez ou outra até que era possível ver os celulares em mãos, mas muitas vezes para uma foto rápida, pensando no registro da obra. Como fez o Paulo César Pires e a filha Mariana Sahu, que antes da competição começar pra valer, ajeitavam os detalhes finais da pipa. Ambos já são até conhecidos no festival, pelo papagaio feito em formado de dragão. Mas, mesmo levando tudo a sério em todos os anos, ele não deixa de citar que a atividade também é um momento de descontração. “É um intervalo da vida real, que a gente usa para se divertir e voltar a ser criança também”, completa Paulo.
Já que o assunto é voltar, teve gente também que é conhecida por morar fora e sempre vir conferir o festival, mas que desta vez, resolveu ficar de vez. Diego Santos é prudentino, mas morava em São Paulo. Na infância, ele comenta que soltar pipa era sua brincadeira favorita, por isso que, quando foi embora para a capital paulista, sempre fez questão de retornar e participar do festival. “Esse ano eu voltei pra ficar, e já trouxe as crianças e tudo. É muito bom estar aqui e participar desse momento com meus filhos. Eu os vejo e lembro-me de mim, porque só pensam em pipa quando estão aqui brincando”, destaca.
Segurança
Assim como todos os anos, a Polícia Militar, o Corpo de Bombeiro e a Semav (Secretaria Municipal de Assuntos Viários e Cooperação em Segurança Pública) cuidaram para que os cerca de 4 mil participantes se divertissem com segurança. E a maneira mais segura, quando o assunto é soltar pipa, se resume em duas principais orientações: ficar longe da rede elétrica e não usar cerol ou qualquer outro aparelho que possa provocar um acidente com cortes.
Por um lado, o Centro Olímpico fica em um local distante da rede elétrica, o que facilitou para que a primeira dica segura fosse cumprida. Mas, por outro lado, “infelizmente”, como dito pela PM no local, foram feitas apreensões de linhas com cortantes. Elas foram apreendidas e retiradas de circulação do evento pelas próprias autoridades.
Raul Albieri
Há 37 anos, em agosto de 1981, ocorria o 1º Festival de Pipas, até então sem intitulação. Já no ano seguinte, por exemplo, na edição do dia 17 de agosto do jornal O Imparcial, mais precisamente na página oito, já era possível ver nas fotos um senhor de estatura média, boina e o característico bigode. Ele mesmo, Raul Albieri, que sempre foi participante assíduo. Mas por um infortúnio, veio afalecer em 1985, sendo homenageado já na edição seguinte, ilustrando o nome do evento.
De lá pra cá, todos os anos o memorável é lembrado pelo seu primogênito, João Carlos Albieri, em um minimuseu montado no local. E nessa edição não foi diferente. Uma tenda cercada por páginas deste periódico que registraram os festivais dos anos anteriores, bem como as leis que instiuem o evento formavam o local histórico. “Mais uma vez estamos aqui para mostrar a importância desse evento e como meu pai sempre se dedicou a ele. É uma forma de perpetuar seu trabalho e garantir que as gerações conheçam esse festival”, pontua João Carlos. À reportagem, ele também frisa que em síntese, o evento é uma tradução da integração da família. “É importante continuarmos”, finaliza.
Fonte Jornal O Imparcial