Neto diz que voltou a ter esperança, porém, não projeta mais o posto de treinador da seleção brasileira - (Foto: Arquivo/Sérgio Borges/NoFoco)
Por Rogério Mative - Portal Prudentino
Pela primeira vez, após ser banido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em 2010 pelo envolvimento direto no doping de cinco atletas da Rede Atletismo de Presidente Prudente, o técnico Jayme Neto Junior falou, em entrevista ao Portal, sobre a punição imposta a ele, classificada como "injusta". Neto diz que voltou a ter esperança, porém, não projeta mais o posto de treinador da seleção brasileira.
Nessa segunda-feira (23), a Corte Arbitral do Esporte (CAS) manteve a decisão da Comissão Disciplinar Nacional do Atletismo, de suspender Jayme Neto Junior e Inaldo Justino de Sena por quatro anos. Mas, o banimento imposto pelo STJD foi revertido. Com isso, os dois treinadores poderão retomar suas atividades no esporte a partir do segundo semestre de 2014.
Punição paga
Para Jayme Neto, a punição de quatro anos foi justa. Porém, o banimento, considerado por ele desproporcional, fez toda a família sofrer. "Eu tinha entrado na Corte com recurso e agora ganhei. O que fizeram não era injusto [pena de quatro anos]. Mas o banimento era. Os quatro anos... Eu tinha que pagar um preço pelas coisas. [O banimento] era muito injusto, desproporcional e ilegal", desabafa.
"Isso teve muitas consequências. Na Unesp, quase perdi meu emprego. Meu pai adoeceu por causa disso. Minhas filhas sofreram porque acompanharam desde pequenas uma trajetória muito bonita. A dimensão [da pena] extrapolou. Eu acho que está pago de uma forma ou de outra", relata o treinador.
O doping
Em agosto de 2009, cinco atletas foram flagrados em exame antidoping após utilizarem a substância proibida EPO, um hormônio sintético. Bruno Lins Tenório de Barros (200 m e 4x100 m), Jorge Célio da Rocha Sena (200 m e 4x100 m), Josiane da Silva Tito (4x400 m), Luciana França (400 m com barreiras) e Lucimara Silvestre (heptatlo) foram suspensos por dois anos.
Na época, Jayme Neto assumiu a culpa e disse que a substância estava sendo injetada periodicamente nos atletas, indicada pelo fisiologista e professor da Unesp, Pedro Balikian, o menos atingido pelo escândalo.
O treinador não demonstra mágoa, mas afirma que não tem mais contato com Balikian. "Ele foi demitido da Unesp. No caminho do esporte, ele é fisiologista. Não sei responder por ele. Perdi o contato com ele. Não falo com ele mais", diz.
Seleção e família
Com currículo invejável, Jayme Neto esteve em cinco Olimpíadas com a seleção e comandou o time de revezamento 4x100 m que ficou com o bronze nos Jogos de Atlanta 1996. Hoje, ele quer apenas curtir a família.
"O meu foco era tirar essa coisa que era injusta. Estou com o meu pai muito doente por causa disso. Eu estava muito descrente sobre essa questão de justiça, de conseguir fazer justiça. Agora, foi corrigida uma injustiça. Eu voltei a ter esperança", pontua.
Jayme Neto descarta voltar à seleção e vê a profissão de treinador de atletismo distante. "Estou ainda para avaliar e ver o que quero. Não tenho mais vontade de fazer o que fazia, de ficar longe da família, debaixo de sol. Pretendo usar esse dom que Deus me deu no atletismo, mas para apenas algumas pessoas, amigos que me procuram, que pretendo ajudar. Isso, se tiver que voltar", revela.
"Seleção não, pelo menos neste momento não quero mais", conclui.
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