quinta-feira, 9 de maio de 2019

Prudentina supera depressão através do jiu-jitsu

Foto: Cedida/Iara Anai Raimundo - Prudentina acumula bons resultados nos tatames do país

Em algum momento da vida você já deve ter ouvido falar que “a depressão é a doença do século”. Ou até mesmo já presenciou alguém próximo ou alguma história não muito distante de alguém que já teve de lidar com esse mal. Certo é, que na maioria dos casos, quem sofre não consegue lutar sozinho. No meio do caminho, além da ajuda profissional necessária, muitos encontram forças em atividades que fogem do cotidiano, como o esporte. Nesse exemplo específico, não é preciso ir muito longe para conhecer alguém. É o caso da prudentina Iara Anai Raimundo, que superou a patologia através do jiu-jitsu. Hoje, competindo aos 41 anos, ela também soube lidar com o problema psicológico, de tal forma que ainda lhe ensinou a combater o preconceito com a idade e a viver o dia a dia de um jeito que lhe permite ser um exemplo a outras pessoas. Aliás, ela não deixa de citar que isso é o que a move, depois de todos os obstáculos: “a necessidade de mostrar que todos podem dar a volta por cima”.
Numa linha do tempo rápida, a atleta conhece o esporte desde os 14 anos de idade, no caso, o judô. “Sempre fui judoca. Até que casei, tive meus filhos e parei com o esporte”, completa. Em seguida, foi quando veio a separação e os problemas que a levaram à fase ruim. “Teve momentos de pensar em coisas ruins. Momentos de tentar fazer algo diferente e dar errado, e se achar uma péssima pessoa”, completa.
Foi quando ela sentiu a necessidade de buscar ajuda. E, por meio dela, voltou a traçar uma rotina que pudesse lhe proporcionar o prazer que antes sentia. Nesse tempo, ela também lembrou que o esporte sempre foi um conforto, “desde a escola, quando era gordinha”. “Tanto que me formei em Educação Física, pelo fato de o esporte trazer a sensação de que está tudo bem”, pontua. Mas lembrar do judô também remetia a uma fase ruim, então não foi uma opção.
Com isso, Iara conheceu o jiu-jitsu, largou o judô e há dois anos tem se aventurado na nova modalidade de artes marciais. “Eu me emocionava muito ao falar do judô. Mas nessa nova opção, foi um despertar do amor próprio, em vista dos resultados que eu estava conseguindo”, detalha.
Hoje, uma vez por dia é pouco, então a atleta treina pelo menos três vezes, incluindo o fortalecimento muscular e a parte do condicionamento físico. “Mas o mais importante é dizer que eu parei de me culpar, de culpar o outro e comecei a pensar em mim. Foi preciso tomar uma atitude. E isso é o essencial. Para mim o jiu-jitsu deu certo, mas pode ser crochê, damas, futebol, natação, enfim, algo que te tire do mal e tenha significado. A medalha que eu ganho hoje simboliza um esforço para continuar na vida”, lembra.
Nos tatames
Desde que voltou a competir, Iara consegue perceber a evolução dentro do tatame, isto é, “sentindo que evoluiu nas competições”, de forma gradativa. Na mais recente performance, ela também conseguiu provar a si mesma que aguenta o tranco e vai para a briga.
Competindo pelo Campeonato Brasileiro de Jiu-jitsu 2019 da CBJJ (Confederação Brasileira de Jiu-jitsu), a maior e mais forte competição do ano, a prudentina trouxe para casa o terceiro lugar na categoria que disputa – a master 3 faixa azul. Fora isso, ainda teve o bronze pelo absoluto, que é a etapa livre, no qual qualquer pessoa pode participar. “O foco maior era o absoluto, porque é uma paixão me desafiar o tempo todo. E não me decepcionei”, diz.
E ao pensar na dificuldade do campeonato, ela diz que se surpreendeu, uma vez que pensou que não se sentiria no mesmo nível de outras atletas. “Muito pelo contrário, senti mais tranquilidade. Fiz mais pontos. Tudo um resultado que vem com os esforços durante os treinos. Eu estava calma e tranquila e fui para me divertir”, conta.
Preconceito
Por ser mulher e ter 41 anos, a atleta já esperava que poderia ser alvo de preconceitos. Mas no fundo, ela garante que, quando conta as pessoas sobre o esporte, sente mais estranheza, desconhecimento, do que propriamente preconceito por competir.
Mas ela admite que, dentro de si, também existem barreiras. “Por exemplo, nem vou atrás de patrocínio. Imagina eu chegando com 41 anos, pedindo ajuda para ir a um campeonato. O preconceito é meu, nesse caso. Eu fico pensando em como a pessoa vai me ver”, afirma.
Só que por outro lado, quando rola questionamento como: “Com 41 anos ainda luta?”, o incomodo que antes existia, segundo ela, deu espaço para a vontade de continuar lutando e mostrar a todos que é possível. “Existem mulheres nessa idade que pensam que nessa idade acabou, e desistem. Não, hoje eu tenho 41 e me sinto com 30. Quero que todas se sintam assim”, finaliza.
Fonte - Jornal O Imparcial 

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